12.2.12

achar que somos excepcionais é talvez a regra geral.

"Temos expectativas muito definidas sobre nós mesmos em determinadas situações - para além de expectativas; são exigências. Algumas são de pouca importância: se alguém nos fizer uma surpresa, ficaremos maravilhados. Outras são consideráveis: se o pai ou a mãe morre, nos sentimos muito mal. Mas, talvez, junto com essas expectativas haja o medo secreto de acabarmos desapontando as convenções, na hora do vamos-ver. Que, ao recebermos aquele telefonema fatal avisando que nossa mãe está morta, não sentiremos nada. Pergunto-me se esse pequeno medo calado, inexprimível, é ainda mais agudo que o medo da má notícia em si: o de que vamos nos descobrir uns monstros. Confesso que, durante o tempo em que fomos casados, sempre tive um grande medo de que, se algo lhe acontecesse, eu desmoronaria. Mas tive sempre uma sombra esquisita por perto, um submedo, se preferi, de que não fosse ser assim - que eu sairia de casa feliz da vida para jogar squash."